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03 setembro 2005

Essa tal de inclusão

“Tudo estava aparentemente tranqüilo na sala de aula e na escola até que inventaram essa tal de inclusão e nós, os professores, não estamos preparados para lidarmos com essas crianças”.

“Não damos conta nem dos ditos normais quanto mais dos deficientes!”

Essas frases são comuns entre professores e longe de ser somente uma crítica é uma questão que tira o sono e angustia vários educadores que se viram frente a frente com a inclusão. Para tentar minimizar essas angústias proponho analisarmos as entrelinhas dessas frases com uma “lente de aumento”.


“Tudo estava aparentemente tranqüilo...” Nesse sentido a palavra tranqüilidade dá a entender que antes da inclusão tudo na escola estava sendo bem conduzido, havia um equilíbrio nas relações interpessoais, no ensino/aprendizagem, não havia insatisfações para os docentes, nem para os discentes, no entanto sabemos que no contexto escolar essa “aparente tranqüilidade” sempre foi permeada de inquietações, de insatisfações e alienação.

“Não damos conta nem dos ditos normais...” Essa questão abre uma ampla reflexão, primeiro sobre qual aluno o professor está preparado para trabalhar, segundo sobre o que é a normalidade.

Sabemos que em uma sala de aula há uma grande diversidade de indivíduos com gostos, preferências, habilidades e realidades sócio-culturais distintas. Crianças/adolescentes com problemas comportamentais, desatentos, que fazem uso de substâncias psicoativas, assim como crianças/adolescentes amáveis e com uma rede social de apoio, mas estaria o professor preparado para lidar com tamanha diversidade?

Levando em consideração que os indivíduos tem peculiaridades e não aprendem, todos da mesma forma, estaria o professor preparado para fazer esse “diagnóstico pedagógico” para avaliar como seus alunos com diferentes histórias de vida, habilidades e interesses aprenderiam melhor?

Se as respostas para essas questões forem sim, levanto outra questão. Se o professor está preparado para lidar com diferentes problemas de comportamento, alunos que fazem uso de substâncias psicoativas, crianças hiperativas, tímidas, desatentas, cujas famílias são desestruturadas e alunos com diferentes fatores que prejudicam a aprendizagem porque não está com o aluno com necessidades educacionais especiais, sendo que as teorias de aprendizagem e de desenvolvimento humano não se diferem quanto à raça, origem socioeconômica, características individuais?!
Seria porque mexe com questões individuais?
Seria despreparo, medo, rejeição?
Seria uma questão mais global que envolve o sistema educacional como um todo?

Essas questões são para iniciar nossas reflexões pois infelizmente não tenho respostas para todos esses questionamentos e acredito que eles merecem mais reflexões por parte de pedagogos, psicólogos, familiares e todos aqueles que de uma forma ou de outra trabalham e vivem a inclusão social.

Esse tema “Inclusão Social” deve ser alvo de inúmeras pesquisas, discussões e reflexões para chegarmos a algumas conclusões e sugestões mais consistentes. A inclusão já é uma realidade e há varias pessoas, famílias e profissionais que, assim como eu, luta para que esse processo se estabeleça de forma tranqüila e que os resultados sejam cada vez melhores !!!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Por ser um assunto novo para mim vejo que esse texto serve como uma boa introdução ao mundo da inclusão, ou seja, ele consegue em poucas linhas trazer a reflexão sobre o tema e com isso incluir pensadores excluídos.

6/9/05 21:10

 
Anonymous Anônimo said...

Eu, no meu pequeno mundo, quando se trata de inclusão, digo pequeno porque sei muito pouco, não tenho vergonha de admitir, já fui muito preconceituoso. Eu dava aula de matemática, quadros e mais quadros, cheios de formúlas, Eu não dava muito importância a qualquer tema fora do contexto matemática . Depois que tive um maior contato, inclusive com o N.A.I. te confesso que mudei um pouco. Já cansei de ouvir de meus colegas professores das "exatas" essas frases mencionadas no seu texto.
Achei interessante a reflexão detalhada de cada frase, principalmente sobre o "antes da inclusão".
Muito boa a abordagem do tema, nos leva a imaginar conclusões, reflexões sobre o assunto.
Um tema interessante a se falar também que foi até citado é a normalidade.
Achei muito legal seu blog..

16/9/05 16:43

 

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